Informação, Saúde

Nigella sativa: o potencial terapêutico explicado pela investigação

A Nigella sativa tem sido utilizada durante séculos na alimentação e como um remédio natural com diversos fins terapêuticos. A planta que dá origem ao óleo de Cominho Negro tem sido usada em sistemas ancestrais como Ayurveda, Unani e Medicina Tradicional Chinesa. O óleo de cominho negro é obtido por prensagem a frio de sementes da Nigella sativa, planta nativa do sudoeste asiático, norte de África e Europa meridional.  

Foram identificados e isolados inúmeros componentes das sementes de Cominho Negro. A maioria das propriedades terapêuticas da Nigella Sativa deve-se à presença de timoquinona, o principal componente bioativo do óleo.

Os estudos farmacológicos revelam que os níveis de enzimas hepáticas não são alterados com a ingestão de óleo, extratos ou sementes da Nigella Sativa, não se verificando efeitos tóxicos e garantindo a segurança na sua utilização. 

Benefícios da Nigella sativa

Os méritos da Nigella sativa (ou Cominho Negro) são comprovados por vários estudos científicos realizados nas últimas décadas.

  • A Nigella sativa inibe o crescimento de Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermis e Helicobacter pylori. Graças à atividade antimicrobiana, pode ser utilizada no combate a estirpes patogénicas

    A Ciência tem comprovado diversas propriedades terapêuticas para a Nigella sativa

    resistentes a antibióticos (2).

  • A Nigella sativa pode ser utilizada no tratamento de dermatofitoses e candidíase vaginal devido à sua capacidade antifúngica contra as espécies Trichophyton interdigitale, Trichophyton mentagrophytes, Epidermophytone floccosum, Microsporum canis e Candida albicans. (3)
  • A Nigella sativa pode ser considerada como um adjuvante no tratamento de doenças inflamatórias, uma vez que está associada à redução do stress oxidativo e à inibição de mediadores anti-inflamatórios. Permite a redução de sintomas em pacientes com artrite reumatóide, incluindo diminuição do inchaço das articulações e menos rigidez. (4)

“O aumento da atividade das células β e a redução dos níveis de glicose no sangue tornam a Nigella sativa um potencial antidiabético em Diabetes tipo II”

  • Pelo mesmo efeito anti-inflamatório, a Nigella Sativa é eficaz no tratamento de alterações  dermatológicas, nomeadamente queimaduras, feridas, eczema, psoríase e vitiligo. (5)
  • A Nigella sativa apresenta efeitos positivos no metabolismo dos hidratos de carbono e dos lípidos. É sugerido que a capacidade antioxidante da planta contribui para a redução da resistência à insulina e aumento da sensibilidade dos recetores de insulina. O aumento da atividade das células β e a redução dos níveis de glicose no sangue tornam a Nigella sativa um potencial antidiabético em Diabetes tipo II. (6)
  • Uma suplementação com sementes ou óleo de cominho negro pode ser utilizada para melhorar situações de hiperlipidemias, uma vez que foram observadas reduções significativas dos níveis de colesterol total, colesterol LDL e triglicéridos. A ação sinergética de vários constituintes da Nigella sativa, incluindo timoquinona, fibras solúveis, esteróis, flavenóides e o elevado conteúdo em ácidos gordos polinsaturados, poderão contribuir para este efeito hipolipidémico (7).

A Nigella sativa apresenta propriedades gastroprotetoras, uma vez que melhora a mucosa gástrica, diminui a secreção gástrica e a severidade de úlceras

  • A redução dos valores da pressão diastólica e sistólica após tratamento com extrato da planta, verificada em vários estudos, tornam a Nigella sativa uma opção terapêutica em doentes hipertensos (8).
  • A Nigella sativa apresenta propriedades gastroprotetoras, uma vez que melhora a mucosa gástrica, diminui a secreção gástrica e a severidade de úlceras. (9)

    Sementes de cominho negro ou Nigella sativa

  • Alguns estudos revelam efeitos hepatoprotetores de Nigella sativa em lesões e toxicidade do fígado, devido ao aumento de enzimas antioxidantes. (10)
  • A Nigella sativa poderá ser utilizada na proteção dos rins. Devido à ação contra radicais livres, previne disfunções renais e melhora os parâmetros histológicos e bioquímicos, nomeadamente, a diminuição de creatinina, ureia e de nitrogénio ureico. (11)
  • O efeito profilático de Nigella sativa em doentes asmáticos foi observado em vários estudos científicos. Os autores sugerem que a redução dos efeitos asmáticos são atribuídos às propriedades broncodilatadoras e anti-inflamatórias da planta (12).
  •  Foram observados efeitos neuroprotetores relacionados ao sistema nervoso central devido à capacidade de inibir a formação de espécies reativas de oxigénio e capacidade anti-inflamatória da Nigella sativa. Verificou-se também aumento dos níveis de 5HTP e de triptofano, com a consequente diminuição dos níveis de ansiedade.
  • A Nigella sativa apresenta também propriedades anti convulsionantes, podendo ser utilizada como adjuvante no tratamento de doentes com epilepsia (13).

Propriedades anti-cancerígenas

Apesar das propriedades anti-cancerígenas de Nigella sativa serem reconhecidas há milhares de anos nas medicinas ancestrais, os estudos científicos são relativamente recentes. Estes estudos revelam que o óleo, o extrato de timoquinona e extrato de α-hederina do cominho negro têm um potencial terapêutico efetivo contra o cancro dos pulmões, cancro, rins, fígado, próstata, mama, cólon do útero, cancro de pele e leucemia (14).

Embora não estejam completamente compreendidos os mecanismos moleculares responsáveis pelo seu potencial na oncologia, as pesquisas mostram a inibição da angiogénese e crescimento de tumores, indução de apoptose em tecidos tumorais, redução de metástases, aumento da atividade de enzimas antioxidantes e de células imunitárias  (15).

BIBLIOGRAFIA
(1) Al-Ali et al., 2008; Khader et al., 2009; Zaoui et al., 2002
(2) Ahmad et al., 2013; Gholamnezhad et al., 2016; Ijaz et al., 2017
(3) Ahmad et al., 2013; Ijaz et al., 2017
(4) Gholamnezhad et al., 2016; Ijaz et al., 2017
(5) Eida et al;2017; Aljebre et al;2015
(6) Ahmad et al., 2013; Gholamnezhad et al., 2016; Ijaz et al., 2017)
(7) Gholamnezhad et al., 2016
(8) Gholamnezhad et al., 2016
(9) Ahmad et al., 2013; Ijaz et al., 2017
(10) Ahmad et al., 2013; Ijaz et al., 2017
(11) Ahmad et al., 2013; Ijaz et al., 2017
(12) Ahmad et al., 2013; Gholamnezhad et al., 2016; Ijaz et al., 2017
(13) Ahmad et al., 2013; Ijaz et al., 2017
(14) Khan et al., 2011; Randhawa e Alghamdi, 2011
(15) Khan et al., 2011; Randhawa e Alghamdi, 2011
Back to list